sábado, 5 de maio de 2012

Expor e argumentar:

Semelhanças e diferenças

A principal diferença entre a tipologia expositiva e a argumentativa é facilmente deduzida: a primeira expõe; a segunda argumenta. Cabem, porém, algumas considerações a mais sobre essa distinção:
Tipologia expositiva
É a modalidade textual adequada para tratar de informações tidas como verdades inquestionáveis e tem o objetivo de informar o leitor sobre o máximo de aspectos relevantes ligados ao tema.
Um trabalho escolar sobre o "Acordo Ortográfico", por exemplo, será uma dissertação expositiva se tiver como objetivo expor várias informações sobre o acordo, como os aspectos legais, as principais mudanças ocorridas na língua, os países afetados por essa reforma. Nesse caso, o aluno fará uma pesquisa séria, em fontes seguras e reconhecidas, como livros e revistas científicas. Anotará os dados principais e escreverá um texto organizado numa sequência lógica, em linguagem objetiva, partilhando com o leitor o seu conhecimento sobre o tema.
Quando houver itens polêmicos nesse tipo de trabalho, caberá ao aluno mostrar os dois (ou mais) lados divergentes, evitando revelar seu posicionamento, uma vez que a proposta é expor o máximo de aspectos relevantes que encontrou.
Tipologia argumentativa
Vai além da exposição organizada das informações. Nela o autor apresenta sua visão crítica do tema, ou seja, vê o assunto como algo polêmico, que gera diferentes versões sobre a "verdade" dos fatos.

Se o tema do trabalho sobre o Acordo Ortográfico fosse uma pergunta, como "O Acordo Ortográfico é essencial para o Brasil?", teríamos uma polêmica e, para desenvolvê-lo, precisaríamos escolher um lado, uma tese (sempre sujeita à discordância do leitor), fazendo uma dissertação argumentativa. Poderíamos usar os dados sobre o Acordo Ortográfico citados na dissertação expositiva (aspectos legais, as principais mudanças ocorridas na língua, os países afetados por essa reforma), mas agora enfatizando os pontos que ajudassem na defesa da nossa tese, descartando ou minimizando o peso das informações que não ajudassem nesse propósito.

Só existe argumentação porque há a possibilidade de discordância, assim há alguém para ser convencido, justificando o trabalho de uma argumentação para defender de modo convincente um determinado ponto de vista. Não há imparcialidade na dissertação argumentativa, assim o aluno que não se posiciona, que fica "em cima do muro", seja por insegurança ou por medo de desagradar a banca, comete um grave erro.

Nessa modalidade de dissertação, a maior parte do conteúdo deve destinar-se à apresentação de argumentos favoráveis à tese defendida e só é possível mostrar argumentos contrários se estes forem seguidos de contra-argumentos mais fortes, capazes de derrubar a oposição.

Vale lembrar que é possível usar trechos expositivos na dissertação argumentativa, mas é essencial que o aluno saiba qual é o propósito da sua redação: apenas expor fatos (dissertação expositiva) ou defender um ponto de vista (dissertação argumentativa), pois isso delimitará o que será ou não adequado àquele texto.

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